A repercussão da sexta etapa do
Moto 1000 GP, que teve suas corridas disputadas no dia 20 de
outubro no Autódromo Internacional de Santa Cruz do Sul, não
contemplou apenas o resultado do trabalho dos pilotos. Um
acidente sofrido pelo paulista Alexsandro Tiago Pires e o
atendimento inusitado prestado ao piloto da Center Moto Racing
Team pelo fotógrafo Sérgio Sanderson tiveram ampla repercussão
na mídia e nas redes sociais.
Depois de uma queda, a moto número 56 de Pires pegou fogo. O
piloto, manifestando dores nas costas pelos efeitos do
incidente, permaneceu deitado por alguns instantes, muito
próximo às chamas que consumiam o equipamento. Sanderson,
fotógrafo contratado pela organização do Moto 1000 GP, cobria a
corrida a poucos metros do acidente. “Enquanto eu fotografava,
percebi que o piloto não se mexia e corri lá para ajudar”,
relembra.
A atitude solidária de Sanderson rendeu-lhe uma homenagem por
parte da Federação Internacional de Motociclismo. Ele será
agraciado com o Troféu FIM Fair Play, que lhe será entregue na
Assembleia Geral e Cerimônia de Gala da entidade em Monte Carlo,
no dia 1º de dezembro. O evento em Mônaco vai acompanhar a
realização de um simpósio internacional sobre segurança nas
pistas e ações voluntárias no motociclismo esportivo.
Com mais de 30 anos de experiência fotografando corridas de
carros e de motos, Sanderson garante lembranças nítidas de todos
os momentos que sucederam o acidente. “Fiz o meu papel, que no
meu ponto de vista está 100% correto. Ali eu não vi um piloto.
Vi um homem, um pai de família fazendo parte de um sistema que
tinha de ser honrado. Na hora não pensei em normas, no evento,
em nada disso. Agi por impulso, por instinto”, descreve.
Foi a impressão que Alex Pires teve de todo o episódio. “Tenho
certeza que o Sanderson não me viu como piloto naquele momento,
mas como um ser humano em perigo. Provavelmente por isso ele
tenha vencido a resistência da regra de ninguém tocar no piloto
até a chegada de um médico”, comenta. “Faço questão de
cumprimentar o Sanderson pelo prêmio recebido. É um prêmio pela
coragem que ele teve naquele momento”, define.
Pires permaneceu consciente durante todo o tempo. “Eu estava
caído e sem sentir a perna. Não queria me mexer, a preocupação
era com a coluna, só o que eu pensava era em algum dano à
coluna. Hoje é até engraçado, lembro que ele chegou para me
ajudar e comecei a falar ‘não toque em mim, não toque em mim’, e
ele gritava ‘fogo, fogo, fogo!’, foi só aí que vi o fogo. Só
estava preocupado em manter minha posição até o médico chegar”,
revive.
A excepcionalidade do episódio proporcionou a Sanderson uma
“quebra de protocolo particular”, segundo ele próprio. “Publicar
acidentes não é do meu praxe, acho que talento se mostra
recebendo bandeirada, subindo no pódio. Aquele momento me marcou
muito, meu impulso foi tão forte que não usei a racionalidade,
usei a alma. Depois que tudo acabou, com o piloto bem, chorei
por cerca de meia hora. Não conseguia parar de chorar”, revela.
Sanderson não disfarça a lisonja por receber o Troféu Fair Play.
“Esse prêmio simboliza tudo aquilo que eu fiz durante toda a
minha vida. O que faço questão é de estender o prêmio a todas as
pessoas que naquele momento na pista, naquela situação, tomariam
a mesma atitude que eu tomei, que têm essa mesma essência”,
atribui. “Também é uma ocasião perfeita para mostrar que fazer o
bem nesse mundo ainda vale a pena”.
Esta é a nona vez que a Federação Internacional e Motociclismo
outorga o Troféu Fair Play. Os demais contemplados com a
honraria foram o francês Patrick Igoa, em 1986, os italianos
Virginio Ferrari e Roberto Rolfo, em 1992 e 2004, o norueguês
Stig IngeBergersen, em 1994, o estoniano Jüri Makarov, em 1996,
e o chileno Carlo de Gavardo, em 1997, além do clube polonês
Sparta-Aspro, em 1992, e do grupo britânico Riders for Health,
em 1993.
“ESPÍRITO DO MOTO 1000 GP”
A cerimônia em que Sérgio Sanderson receberá o Troféu FIM Fair
Play coincidirá com a oitava e última etapa do Moto 1000 GP, que
levará os pilotos a Cascavel, cidade do fotógrafo. “A nossa
etapa final vai estar desfalcada de um grande profissional. A
honra do Sérgio é uma honra, também, para todos nós”, considera
Gilson Scudeler, promotor do evento. “Ele vai estar
representando o espírito do Moto 1000 GP, que é sempre voltado à
segurança”.
Scudeler vê “instinto de sobrevivência” na ação do fotógrafo.
“Ele não pensou, apenas correu lá e retirou o piloto do fogo. O
reconhecimento da Fim ao ato de heroísmo do Sanderson mostra que
o mundo está atento ao Moto 1000 GP. Antes, o que acontecia no
Brasil, em termos de motovelocidade, passava despercebido”, diz.
“Mesmo sendo fruto de uma situação de risco, o prêmio do
Sanderson mostra que estamos no caminho certo”. |
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21/11/2013 - Grelak Comunicação -
(45) 3037-6667/9992-3668 - Fotos: Equipe Sanderson/Grelak
Comunicação
Legenda 1: Sérgio Sanderson, coordenador do departamento
de fotografia do Moto 1000 GP
Legenda 2: Sanderson fotografa automobilismo e
motovelocidade há mais de três décadas
Legenda 3: Imagem captada por Sérgio Sanderson de Alex
Pires caído e sua moto envolta em chamas
Legenda 4: Imagem captada mostra Sérgio Sanderson
fotografando o incidente
Legenda 5: Percebendo que Alex Pires não se levantava,
Sérgio Sanderson correu em direção ao piloto
Legenda 6: Segurando o piloto pelos braços, Sérgio
Sanderson arrastou-o para longe do fogo
Legenda 7: Alex Tiago Pires no grid da etapa de Santa
Cruz do Sul, momentos antes do acidente |
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